“A felicidade negra é guerreira”
Dia 30 de maio de 2017. Esta é a data de um dos momentos de maior inflexão da história da Unicamp. Após anos de intensa discussão sobre os melhores modelos de ação afirmativa, o conselho universitário da universidade vota favoravelmente à adesão aos princípios das cotas raciais e do vestibular indígena. Mas como “nossos passos vêm de longe!” é necessário ressaltar que esta conquista é fruto de uma longa atuação dos movimentos e movimentações negras na universidade, na cidade de São Paulo, mas também articuladas a movimentos nacionais. A discussão sobre as cotas na Unicamp ganha folêgo com a criação do Núcleo de Consciência Negra da Unicamp e da Frente Pró-Cotas da Unicamp em 2012. Estas duas organizações articularam os primeiros projetos de cotas nos programas de pós-graduação da Unicamp (primeira aprovação nos PPGs do IFCH em 2015) e atuaram pela centralização da pauta das cotas na greve estudantil e ocupação da reitoria em 2016, cujo tema era “Cotas, sim! Cortes, não! contra o golpe e pela educação. Permanência e ampliação!”. As fotografias de Rafa Kennedy capta as movimentações organizadas pelo NCN da Unicamp que precederam a votação das cotas, da I Marcha Antirracista em 2016 e a III Marcha Antirracista de 2017 (as duas contra o racismo e perseguição a estudantes negres), das ações de colagens e revitalização de murais chamados de “poster bomber”, onde estudantes contam histórias de personalidades e referências negras como forma de encobrir e responder às mensagens racistas colocadas nas superfícies dos prédios da universidade. A exposição segue com registros do Ato Nacional Pelas Cotas, ocorrida em 29 de maio de 2017, com uma maratona de atividades: Apresentações de Du Kiddy e Aluísio Alberto; debate na Adunicamp com o tema “Desafios para além das cotas: racismo institucional na universidade”; Roda de Samba de Bumbu e conversa com griôs e griottes da cidade de Campinas como mestres e mestras Sinhá, Rosinha, TC, Alceu e Simplício; Apresentação de Preta Rara; Discotecagem da Ruffneck Sound System, Dj Barata e apresentação de Linn da Quebrada e Jup do Bairro. Grande parte das fotografias deste eixo se refere à multidão que acompanhou a votação das cotas pelo conselho universitário da Unicamp. Estudantes, políticos, trabalhadores e ativistas de movimentos sociais negros de Campinas e da universidade, com destaque para as caravanas de estudantes indígenas e de militantes da Educafro e inúmeros de estudantes secundaristas parte de cursinhos populares acompanharam este processo. Pelas lentes de Rafa, é possível experienciar a apreensão pelo resultado e as reações a cada fala que era transmitida por um telão. A articulação de membros do Núcleo de Consciência Negra da Unicamp e da Frente Pró-Cotas da Unicamp também não passam despercebidos; Com alto falantes, estes membros e membras organizam a reação do público que se fazia presente e podia ser escutado por quem estava nas mesas das decisões dentro da câmara de deliberação. Por fim, esta seção é encerrada com os registros dos abraços, choros e sorrisos pela conquista das cotas raciais e o vestibular indígena na Unicamp.