É Capoeira, é Angola, é Resistência!
Neste eixo a fotógrafa Rafa exibe registros de atividades que entrecruzam ensino e aprendizagem de práticas corporais de dança e luta, vivências de história oral e de socialização de saberes. As obras estão centradas nas atividades do núcleo da Moradia Estudantil da Unicamp da Escola de Capoeira Angola Resistência, ligada à sede no centro de Campinas do Mestre Topete, cuja linhagem tem raízes no trabalho de capoeira angola iniciado pelo mestre Pastinha em 1941. Este núcleo funciona desde 2013 como um ponto cultural em um dos centros de convivência da Moradia e tem como uma das pessoas responsáveis a Trenel Mariana. As ações do Núcleo também acontecem por meio de aulas, rodas e vivências no campus de Barão Geraldo e em eventos das redes de difusão e preservação da capoeira angola no estado, junto aos outros núcleos da Escola. Dentro da Moradia, as aulas e rodas acontecem periodicamente e além dos eventos dos da Escola, o núcleo contribui com ações como a festa junina e outras atividades político-culturais na moradia e na cidade de Campinas. Vale ressaltar que a Trenel Mariana é estudante de pós-graduação da Faculdade de Educação e foi representante discente da moradia, participando ativamente do cotidiano de lutas d@s estudantes pobres e mães. Há anos,a Trenel Mariana desenvolve um trabalho de preservação e produção cultural colocando a capoeira como parte da construção de outros projetos de vivências e mundos. Por meio da história da capoeira as ações deste núcleo discute memória e conhecimento ancestral junto a uma discussão que pensa a presença das mães e suas crianças, de pessoas trans e de quem não se identifica dentro dos binarismos e não correspondem a normas e expectativas. A característica de coletividade e de inserção de diferentes corpos e de diferentes trajetórias na capoeira acarretou numa intensa discussão sobre branquitude, racismo, transfobia e padrões corporais numa perspectiva crítica sobre o próprio grupo e a comunidade em que vivem. Estas fotografias são exemplos cotidianos de que os saberes malungos da capoeira angola suleam princípios e valores. Que os cantos mesclados aos sons dos berimbaus, atabaques, reco-recos e outros instrumentos da capoeira soem pelo Centro de Convivência número 3 da moradia por muito tempo. Vida longa! E que as fotografias de Rafa sejam um convite para o fomento e a construção de mais espaços seguros, pois aqui está uma prova de que a moradia vive, pulsa e se recusa a ser apenas um dormitório.